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Ruy Barbosa de Oliveira, nascido em 5 de novembro de 1849, em Salvador, Bahia, foi uma figura central da história brasileira, destacando-se como jurista, político, diplomata, escritor e intelectual. Conhecido como a “Águia de Haia” por seu brilhantismo em discussões internacionais, Ruy Barbosa foi um defensor incansável da liberdade, justiça e educação. Seu legado como abolicionista, redator da Constituição de 1891 e articulador da República o coloca entre os maiores nomes da política e do Direito no Brasil.
Formado em Direito pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1870, desde cedo Ruy Barbosa mostrou seu talento excepcional. Como jurista, escreveu obras influentes que moldaram o pensamento político e social do Brasil. Em 1890, foi o principal redator da primeira Constituição republicana do Brasil, promulgada em 1891.
Como Ministro da Fazenda no governo provisório de Deodoro da Fonseca, teve um papel crucial nas reformas econômicas da época, embora algumas de suas medidas, como a emissão de papel-moeda, tenham gerado controvérsias e inflação. No cenário internacional, Ruy Barbosa destacou-se ao representar o Brasil na Segunda Conferência de Paz de Haia, em 1907, onde defendeu a igualdade entre as nações, recebendo o título de “Águia de Haia” por sua oratória e defesa firme da diplomacia.
Abolicionista convicto, Ruy Barbosa foi um dos principais líderes do movimento pela libertação dos escravizados no Brasil. Sua atuação abolicionista envolveu intensos debates no Congresso e publicações na imprensa, que ajudaram a moldar a opinião pública em favor da abolição. No Senado, fez discursos memoráveis em defesa da democracia, dos direitos civis e da liberdade de imprensa, e foi um forte opositor à concentração de poder.
Após a Proclamação da República, em 1889, Ruy Barbosa emergiu como um dos seus maiores defensores, mas seus ideais muitas vezes o colocaram em confronto com governos autoritários da época. Ele concorreu à presidência duas vezes, em 1894 e 1910, sendo derrotado em ambas as ocasiões devido à resistência das elites políticas. Mesmo sem alcançar a presidência, suas ideias progressistas sobre moralidade pública e fortalecimento das instituições democráticas deixaram um impacto profundo.
Em 1897, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, ao lado de Machado de Assis, ocupando a cadeira nº 10. Sua vasta produção literária e jurídica continua a ser referência para juristas e intelectuais até hoje. Ruy Barbosa também foi um homem de hábitos metódicos, poliglota e profundo estudioso, características que o destacaram como diplomata e jurista internacional. Casado com Maria Augusta Viana Bandeira, teve seis filhos e manteve até o fim da vida uma rotina disciplinada de estudos e escrita.
Sua morte, em 1º de março de 1923, no Rio de Janeiro, não apagou seu legado. Até hoje, ele é lembrado como um dos maiores pensadores e defensores dos direitos humanos, da liberdade de imprensa e da igualdade entre as nações no Brasil. A não eleição de Ruy Barbosa à presidência do Brasil foi uma das grandes injustiças da história política do país.
Seu profundo compromisso com a moralidade pública, a defesa intransigente dos direitos civis e sua visão progressista para um Brasil moderno, democrático e justo contrastavam com os objetivos das elites oligárquicas da época, que impediram sua vitória nas disputas de 1894 e 1910.
Se tivesse sido eleito, é provável que o Brasil tivesse seguido um caminho mais firme na consolidação de suas instituições democráticas, com maior ênfase na educação e na igualdade social. O eleitorado da época, influenciado por esses objetivos regionais e oligárquicos, não conseguiu compreender a grandiosidade de sua liderança, privando o país de um governante que poderia ter transformado profundamente a história brasileira.
Com informações de Ronaldo Morenno
ronaldomorenno.com.br