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Jimmy Carter: O Centenário do Ex-Presidente que Fortaleceu Laços com o Brasil

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Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos, alcançou um marco histórico ao comemorar 100 anos em 1º de outubro de 2024, tornando-se o presidente mais longevo do país. Membro do Partido Democrata, governou os EUA de 1977 a 1981, enfrentando um período de grandes transformações e desafios.

Antes de sua presidência, Carter se destacou como oficial da Marinha e governador da Geórgia (1971-1975), vindo de uma tradicional família fazendeira do sul. Sua eleição, após os escândalos do caso Watergate e a Guerra do Vietnã, foi vista como um sopro de renovação para o país.

Durante seu governo, Carter promoveu os históricos Acordos de Camp David, que estabeleceram a paz entre Israel e Egito, e reforçou sua postura humanitária com iniciativas voltadas aos direitos humanos. No entanto, enfrentou controvérsias como a crise dos reféns no Irã, quando 52 americanos foram mantidos em cativeiro por 444 dias, e o boicote aos Jogos Olímpicos de 1980 em Moscou, em meio às tensões da Guerra Fria.

Após perder a reeleição para Ronald Reagan em 1980, Carter se reinventou, dedicando-se a causas humanitárias por meio do Centro Carter, fundado em 1982, que promove a paz, combate doenças e atua na resolução de conflitos globais. Em 2002, recebeu o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho incansável.

Carter manteve uma relação especial com o Brasil, marcada por duas visitas significativas. Em 1972, enquanto governador da Geórgia, esteve em Santa Bárbara d’Oeste, no estado de São Paulo, onde visitou o histórico Cemitério dos Americanos. O local abriga os túmulos de confederados que emigraram para o Brasil após a Guerra Civil dos EUA, preservando a memória dessa comunidade.

Na ocasião, sua esposa, Rosalynn Carter, emocionou-se ao encontrar o túmulo de um tio-avô, um antepassado dado como desaparecido. Em 1978, já como presidente, Carter retornou ao Brasil, sendo recebido pelo então presidente Ernesto Geisel em Brasília, reforçando laços diplomáticos com o país.

A visita de 1972 teve grande impacto cultural, especialmente pela conexão com a comunidade confederada de Santa Bárbara d’Oeste. Formada por descendentes de sulistas que emigraram após a derrota na Guerra Civil, a colônia mantém viva sua história por meio da Festa dos Confederados, realizada anualmente no Cemitério do Campo.

A celebração preserva tradições culturais e históricas dos imigrantes, além de reforçar a identidade local. Carter, ao observar a comunidade, comentou as semelhanças com os sulistas americanos, destacando o valor das raízes e da memória histórica.

Rosalynn Carter, com quem Jimmy compartilhou 77 anos de casamento, faleceu em 2023 aos 96 anos, deixando um legado de parceria e dedicação às causas sociais. Carter sempre exaltou o apoio e a força de Rosalynn, que foi sua companheira em todos os momentos da vida pública e privada. Mesmo após enfrentar desafios pessoais, como a perda da esposa e problemas de saúde, Carter permanece como um símbolo de resiliência, sendo admirado por seu compromisso com a paz, a dignidade humana e o desenvolvimento global.

A história de Carter demonstra um equilíbrio entre liderança política, sensibilidade humanitária e uma visão de mundo que transcende fronteiras. Seu centenário celebra não apenas sua longevidade, mas um legado que continua inspirando gerações em todo o mundo. Para o Brasil, as visitas de Carter permanecem como capítulos importantes em uma relação diplomática marcada pela valorização da cultura, da história e do diálogo.