O termo “Cultura da Morte” foi cunhado para descrever uma sociedade que se tornou insensível à santidade e ao valor da vida humana. Esse conceito reflete um estado onde a morte, a violência e o desrespeito pela vida se tornam normais ou até mesmo glorificados.
Inicialmente, essa expressão foi popularizada pelo Papa João Paulo II, em sua encíclica Evangelium Vitae, onde ele criticava práticas como o aborto, a eutanásia e a pena de morte, que ele via como sintomas de uma sociedade que perdeu o respeito pela vida humana.
Atualmente, a manifestação da chamada “Cultura da Morte” pode ser observada em vários aspectos da sociedade moderna. A alta incidência de depressão, angústia, vício em drogas, aborto, comportamento autodestrutivo, suicídio, crimes com armas de fogo e chacinas são exemplos claros desse fenômeno. Examinemos alguns exemplos específicos de como essa cultura se manifesta nos dias de hoje.
A “Cultura da Morte” manifesta-se de maneira evidente na venda de armas. Embora armamentos sejam tradicionalmente usados em conflitos militares, eles matam principalmente civis, incluindo mulheres e crianças inocentes. Nas guerras, sejam elas civis ou internacionais, a vida humana tende a ser desvalorizada.
O fácil acesso às armas em alguns países resulta em um aumento aterrador no número de mortes. A bala de um assassino ou de um franco-atirador custa pouco, mas seu impacto é devastador. Esse cenário é agravado pelo fato de que, em várias regiões, a aquisição de armas por civis é relativamente simples, facilitando a ocorrência de crimes violentos.
A indústria do entretenimento também contribui para a “Cultura da Morte”. Muitos filmes e programas de TV glorificam a violência, o tráfico de drogas e o crime organizado, reduzindo o valor da vida humana e dos princípios morais. Esse tipo de conteúdo não apenas minimiza a seriedade da violência, mas também a glamouriza, tornando-a atraente para o público, especialmente os jovens.
Videogames e conteúdos violentos na internet também são partes significativas desse fenômeno. Jogos que envolvem combates mortais e cenários sangrentos não têm o objetivo de educar, mas sim de ensinar a matar. Adolescentes são atraídos por esses jogos que oferecem experiências intensas de autoafirmação em cenários tridimensionais.
A facilidade de acesso a esses jogos, seja pela internet ou por locações em locais públicos, expõe crianças e jovens a conteúdos inapropriados e potencialmente prejudiciais, já que o controle de idade é muitas vezes ineficaz.
Fora do mundo dos jogos e filmes violentos, muitos indivíduos adotam comportamentos autodestrutivos. Práticas como o fumo e o abuso de drogas continuam a crescer, apesar das campanhas de conscientização sobre seus perigos. Essas práticas frequentemente resultam em mortes prematuras. Empresas e traficantes de drogas exploram a ansiedade, a desesperança e a pobreza espiritual das pessoas para aumentar seus lucros, perpetuando um ciclo de destruição.
Os ensinamentos de Cristo enfatizam a importância de valorizar a vida. Jesus veio ao mundo para salvar vidas, não para destruí-las. Em Mateus 26:52, Ele instruiu Pedro a embainhar sua espada, afirmando que “todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão”. Este princípio destaca a rejeição da violência como meio de resolução de conflitos.
Embora seja fundamental que as forças de segurança estejam bem equipadas para enfrentar criminosos armados, há uma diferença crucial entre armar a polícia e permitir o armamento indiscriminado de civis.
A venda de armas de fogo deve ser restrita às forças de segurança pública para minimizar a possibilidade de tragédias causadas por pessoas mentalmente perturbadas ou criminosos. A disponibilidade de armas automáticas ou semi-automáticas para civis apenas aumenta o número de mortes violentas.
A “Cultura da Morte” representa um desafio significativo para a sociedade moderna. Desde a venda de armas até o entretenimento violento, passando pelo comportamento autodestrutivo, é evidente que há uma necessidade urgente de promover a valorização da vida.
Os cristãos, em particular, são chamados a buscar a paz e a preservar a vida, combatendo o mal com o bem e utilizando todos os meios legítimos para reduzir e eliminar as causas fundamentais do crime. A restrição da venda de armas e a promoção de uma cultura de paz são passos essenciais nessa direção.
Ronaldo Morenno